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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Uma simples explicação


Veja a reportagem da revista "Isto é Dinheiro" sobre os aeroportos. Leia e verifique se o "lead" tem alguma coisa a ver com o "corpo" da reportagem.

Em que "profissionalização da Infraero" se relaciona com malha aérea ruim, com problemas de atraso da TAM e com uma Anac que finge fiscalizar o setor.

Acho que essa grande confusão é proposital. Além da ausência do desejo de bem informar o leitor, há grandes interesses econômicos forçando a barra.

Quero ser simplório ao explicar essas questões, até porque o raciocínio é muito simples mesmo. Senão vejamos.

Muito se fala sobre caos nos aeroportos, mas se existem problemas eles decorrem pouco da infraestrutura. Explico.

As companhias aéreas estão numa guerra tarifária sem precedentes. Só não faliram porque a demanda está muito aquecida. A agência finge que não é com ela. Seus sábios alegam que é a saudável concorrência de mercado.

As cias. aéreas estão se matando para transportar o máximo de passageiros, tentando destruir umas as outras e cortando custos para retirar algum lucro da guerra de preços. Com isso elas desrespeitam os passageiros, atrasam e cancelam voos e geram transtornos nos aeroportos.

É certo que alguns aeroportos precisam ser ampliados, mas o mínimo de profissionalismo das cias. aéreas e atitudes mais enérgicas da agência poderiam eliminar a maioria dos problemas que se tem verificado.

A diferença entre aeroportos grandes ou pequenos frente ao modelo de gestão das cias. aéreas e a ineficiência da agência é apenas um espaço maior ou menor para acomodar passageiros abandonados.

De que adianta apenas ampliar o espaço em terra. O passageiro não quer ficar no aeroporto, ele quer pegar seu voo, chegar ao destino e seguir seu rumo (e isso rapidamente).

Entretanto, o passageiro (principalmente nas grandes cidades) tem que enfrentar enormes engarrafamentos para chegar ao aeroporto.

Depois, enormes filas no check-in por falta de atendentes das cias. aéreas nos balcões. Se o voo não estiver atrasado em função de escalas, de condições climáticas ruins ou cancelado por falta de pessoal, ele pode conseguir embarcar logo. Porém, pode ser que a cia. aérea, pela reduzida taxa de ocupação, resolva juntar dois voos (isso é mais frequente do que se imagina). Aí é mais atraso.

Após embarcar, o passageiro tem que se acomodar nos reduzidos espaços das aeronaves. É engraçado que as cias. querem espaços maiores, mas só nos aeroportos.

Quando o voo chega ao destino, já com atraso, cria enormes dificuldades para o operador aeroportuário, pois todo o planejamento de ocupação do pátio fica comprometido.

Os voos atrasados têm que ser direcionados para as áreas remotas e os passageiros transferidos por ônibus. Aqui você entende o porquê da frequente mensagem: "senhoras e senhores, devido ao reposicionamento no pátio, o embarque do voo XYZ será realizado pelo portão K".

Após o desembarque, quem entregou sua mala, tem que aguardar a devolução. (Faço aqui uma recomendação: evite entregar sua mala. Até porque não tem ninguém da cia. aérea verificando se é o proprietário quem está saindo com a mala - mais uma medida para reduzir os custos. Porém, eu sei que uma mala grande sempre é necessária em viagens de maior duração).

Neste momento a cia. aérea está concentrada na tarefa de esvaziar o avião, ou seja, tirar os passageiros e as bagagens que chegam e enchê-lo com os passageiros e bagagens que saem. Depois, com a mesma equipe, vai colocar as malas nas esteiras, que estiveram circulando por mais de vinte minutos sem nenhuma mala. Acho que você já vivenciou isso.

Após receber sua mala, o passageiro sai do aeroporto e novamente tem que enfrentar o trânsito. Não precisa ser muito inteligente para concluir que os sucessivos atrasos já prejudicaram os compromissos. Daí só resta ligar para remarcar, quando é possível.

Sobre a malha aérea é ruim mesmo. Ela é montada para maximizar o lucro das cias. aéreas e não para atender os passageiros.

Eles alegam que é o mercado. Mas, pergunte ao passageiro do norte do país se ele quer passar por Brasília para ir ao sudeste/sul. Claro que não. Pergunte ao morador de Teresina porque ele tem que ir a Brasília para voltar para São Luiz. Pergunte, também, porque os voos tem que sair de madrugada para chegar a Brasília (ou São Paulo) no início da manhã. Eles vão dizer que é a força do mercado.

Na verdade, a malha proposta pelas cias. aéreas e aprovada pela agência é desenhada para que os passageiros cheguem no melhor momento para que as cias. aéreas os acomodem nos voos que saem no início da manhã nos aeroportos concentradores de voos (os chamados hubs). Isso logicamente quando os voos da madrugada não atrasam. Neste caso, os voos da manhã também atrasam e a consequência são atrasos em cascata.

Não há a mínima gestão da agência para otimizar o uso dos aeroportos, onde as cias. aéreas amontoam voos em poucos períodos do dia. Quando o operador aeroportuário nega um horário, a agência aemaça que a restrição na infraestrutura vai gerar aumento das passagens aéreas.

Você deve estar pensando: e os aeroportos? Como já enfatizado alguns precisam ser ampliados e os investimentos estão atrasados (principalmente em Brasília e Guarulhos). Há vários motivos para isso, mas a sociedade com razão não quer discuti-los e quer mesmo os resultados: novos aeroportos, amplos, modernos, seguros e confortáveis.

Mas resta uma pergunta: somente ampliar aeroportos vai resolver os problemas? A resposta é não.

Todos tem que entender que se trata de um sistema, cujas partes (cias. aéreas, infraero, anac, receita federal, polícia federal, anvisa, vigiagro, concessionários, etc) precisam funcionar bem, para que o todo também funcione.

Um último ponto é importante ser enfatizado. Construir aeroportos parece ser mais complexo do que resolver os problemas de gestão das cias. aéreas e a guerra predatória de preços. Pode ser que sim. O planejamento e as ações para construir uma infraestrutura como o Terminal 3 de Guarulhos é de, pelo menos, cinco anos. Mas, eu lembro que os problemas de gestão das cias. aéreas e a guerra tarifária não são de agora. Vem desde meados da década de 1990 e fizeram Transbrasil, Vasp e Varig desaparecer.

Bem, acho que a explicação foi simples, parece ser um exagero, mas não é. Peço apenas que você fique mais atento no aeroporto e repare se esta explicação trata a maioria dos problemas que você já viu ou vivenciou. Eu garanto que sim.

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