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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sindicatos da aviação não esperam soluções a curto prazo


O fim de 2010 promete manter a tradição de últimos anos na aviação aérea brasileira. Longe de haver soluções para velhos entraves, novos problemas se estabelecem. Acordos parecem distantes, nas palavras dos sindicatos de trabalhadores e empresários ouvidos por Terra Magazine.

Permanece a queda de braço entre trabalhadores e empresas aéreas. "Desde julho, falei à imprensa que todas elas tinham problemas. Deu a Gol em julho, a Webjet em outubro e a TAM conseguiu empurrar com a barriga um pouco mais de tempo", afirmou Gelson Dagmar Fochesato, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, enumerando quem teve voos cancelados e adiados devido à falta de tripulantes neste ano.

- A próxima bola da vez é a Avianca, que, temos notícia, vendeu passagens além do que podia. Já começa a dar sinais - adiantou a presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino.

- A operação da TAM está normal, por enquanto. Houve excesso de trabalho durante o mês de novembro, as pessoas estouraram seu trabalho. Agora, estamos começando o mês. Em princípio, não teremos problemas. Mas existe uma operação de não colaboração por parte dos trabalhadores do setor em relação à nossa campanha salarial. A coisa pode se agravar nos próximos dias. No dia 10, no dia 15, podemos voltar a ter problemas - avisou Fochesato.

Selma Balbino prevê contratempos para mais imediatamente. "Foi colocada em prática a partir de 0h de hoje (quinta-feira, 2) uma operação de não colaboração, já que as negociações de ontem com as empresas não avançaram. Ela só começa a ser sentida mais fortemente pelo público usuário a partir de hoje à tarde e amanhã de manhã", estimou.

A direção de comunicação do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias, que não quis personalizar a autoria das declarações, frisou: "Não há nenhum fato anormal, até agora, 16h, nas operações. Fizemos uma conversa com todas as companhias".

Reajuste

O momento mais crítico do ano, com maior número de viagens, combina-se com a pressão por melhores remunerações aos empresariados.

"A crise no setor está instalada faz tempo. E vai se agravar, lógico. Estamos em campanha salarial e não conseguimos avançar", avalia Fochesato. "Pedimos 15% dos salários, com exceção dos pisos, que consideramos muito baixos, para eles pedimos 30% de reajuste", detalha Selma Balbino.

Ela conta que as reivindicações atuais vão além do bolso. "Os trabalhadores não irão mais admitir coisas que vinham acontecendo rotineiramente. Não aceitarão mudança de escala, jornada dupla, ficar sem 15 minutos de lanche ou sua hora de almoço, conforme manda a legislação. Além disso, os mecânicos não atenderão mais duas ou três aeronaves, e sim uma de cada vez, com tranquilidade. O pessoal de pista não ultrapassará os 20km/h", lista.

A estratégia de defesa está montada. "Se houver coação por parte das empresas, os trabalhadores terão os telefones do Ministério Público do Rio, de São Paulo e de Brasília, pois já existe até ação civil pública contra Gol, TAM e Webjet por assédio moral no caso de obrigar os trabalhadores a dobrar (a carga horária)", acrescenta a sindicalista.

O representante do empresariado segue outro rumo: "Isso, nem começamos a discutir. Eles querem discutir, mas, esse ano, o sindicato (das empresas) vai discutir com o sindicato dos empregados apenas o índice salarial, e é isso que estamos fazendo. Não quer dizer que, dentro das nossas possibilidades, não possa ser discutido (outro assunto) em abril. De dois em dois anos, há uma pauta completa. No outro, é só a pauta de dissídio. O ato extraordinário tem que ser de concordância mútua".

Excesso de jornada

Segue na Justiça a mobilização de funcionários contra a Gol por causa do impasse de julho. "O inquérito civil público saiu do Ministério Público do Trabalho, está no Ministério Público Federal, de tão grave que é. A procuradora ouviu mais de 15 trabalhadores em depoimentos. Está confirmado o excesso de jornada, que a segurança está colocada em risco. Aeronautas e aeroviários sob fadiga representam um perigo para a aviação", relata Selma Balbino.

Ela reclama da dificuldade de reagir à situação. "Estamos nos sentindo oprimidos. Não só pelas empresas, muitas vezes pelos órgãos públicos que deveriam nos ajudar", reclama. "Nós e o público usuário somos as maiores vítimas das empresas aéreas".

A impunidade, diz, persiste. "A Webjet simplesmente descumpriu termo de ajuste de conduta assinado em Brasília, um ano atrás. É a prova mais contundente de que as empresas fazem o que querem. Elas não têm mais medo nem da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) nem do Ministério Público. Primeiro, porque a ANAC é esta bagunça, é domínio político. E as multas do Ministério do Trabalho são muito brandas, vale a pena descumprir, o lucro é bem superior. As autoridades precisam rever seus conceitos da aviação porque estão enfrentando a desobediência civil, verdadeiros tiranos", brada a porta-voz dos aeroviários.

O representante das companhias aéreas deriva: "Existem coisas aí que são discutidas com as empresas, e não com o sindicato como um todo".


Problemas em voos da TAM provocam filas no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo (foto: Raphael Patrasso/Futura Press)

Selma Balbino culpa a ANAC por descaso. "Não tem peito, não tem moral diante das empresas, está comprometida demais. A gente está enfrentando problemas das empresas aéreas há três anos. Problemas de infraestrutura aeroportuária. O governo é omisso, não tem peito, porque falha", acusa.

A chegada de Dilma Rousseff lhe dá esperança. "Infelizmente, este é um dos grandes problemas que o governo Lula não resolveu. A gente espera que a nova presidenta bote sua mão de ferro em cima das empresas aéreas para tentar resolver".

A sindicalista dispara contra a ANAC. "Não tem fiscalização eficiente nem gente preparada. Era um desejo dos trabalhadores que a saída dos militares fosse gradual e lenta até que os novos civis tivessem domínio da aviação. E não têm. Os militares que lá permaneceram até há bem pouco tempo não suportaram a arrogância e a prepotência. Estamos entregues a um bando de civis que pouco conhece da aviação", analisa.

Na sua opinião, permite-se ainda o mau planejamento das empresas aéreas. "Como é que você deixa para contratar funcionários a 30 dias do mês de maior pico da aviação? Com crescimento estrondoso de 34% da nossa aviação, quatro vezes mais do que a própria economia brasileira. Enquanto, no resto do mundo, cresce 3%. Isso é uma vergonha", dispara.

terra magazine

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