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segunda-feira, 12 de abril de 2010

HÁ 30 ANOS - A queda do voo 303 da Transbrasil

Trinta anos se passaram. Mas as marcas da tragédia ainda estão no topo do morro. Há pedaços do avião, ferros retorcidos, partes de fibras e até uma escova de dentes queimada. Em meio à mata fechada, uma cruz em homenagem aos 55 mortos. No ponto da explosão, o chão continua escuro pelo fogo. O verde insistiu em não crescer, marcando uma lembrança das mais tristes para Santa Catarina: a queda do voo 303 da Transbrasil.


Foi no dia 12 de abril de 1980. Nesta segunda-feira, o acidente completa três décadas. O tempo passou, mas deixou cicatrizes em famílias e também no alto do Morro da Virgínia, de 600 metros de altura, no pacato Distrito de Ratones, em Florianópolis. A comunidade do Norte da Ilha não esquece o sábado chuvoso e o horror daquela noite.

Na última quinta-feira, o DC subiu o morro guiado por Marcos Rodrigo Nunes. O paranaense de 27 anos nem era nascido quando o Boeing 727 que deveria pousar no Aeroporto Hercílio Luz colidiu contra o monte. Foram os 18 anos ajudando o pai a cuidar a Fazenda Caiçara, o principal acesso ao local do acidente, que o permitiram conhecer como poucos a história que continua viva.



Depois de passar por dentro da propriedade particular, o trajeto que leva ao alto exige uma hora de caminhada. Para chegar ao local exato onde o avião estraçalhou-se é preciso romper mais 100 metros por dentro da mata fechada. Não há trilha e sim cobras e mosquitos. A cruz encravada entre as pedras está a poucos metros da pequena clareira da explosão.

A reportagem viu algumas peças entre a vegetação. A maior delas, em ferro, mede cerca de um metro. Até pouco tempo, parte do trem de pouso estava na mata. Mas foi levado por visitantes. A presença de curiosos ao longo dos anos exigiu o reforço na vigilância da propriedade. Marcos perdeu a conta das vezes que esteve no topo do morro. Algumas delas foi a pedido de familiares de passageiros mortos. Houve vezes em que acompanhou um padre para fazer orações.

O povo também não esquece das lendas. A principal delas diz respeito aos pertences dos passageiros. Contam em Ratones que vez ou outra alguém localiza um anel ou nota de dólar no morro e que teve até quem achou mala cheia de dinheiro. O fato é que as joias transportadas por um lojista tornaram-se caso de polícia, aumentando o mistério em torno do acidente. À noite, o lado sombrio aparece na imaginação. Agricultores contam que muita gente desistiu de chegar próximo por ouvir gritos e pedidos de socorro.

Na época do acidente, não havia trilha ou estrada para se chegar ao lugar. Jornais da época afirmaram que o resgate demorou quase três horas para chegar. Equipes de policiais acrescidas de jornalistas e curiosos se perderam na mata. Algumas pessoas teriam entrado em pânico na tentativa de sair do matagal. Uma jornalista foi picada por uma cobra. O grupo então desistiu no meio do caminho e decidiu enfrentar a chuva e o frio até amanhecer.

Graças a um helicóptero, quatro pessoas foram retiradas dos destroços ainda com vida. Três sobreviveram. Uma das cenas marcantes foi quando o passageiro Antonio Borges pediu para que um soldado avisasse a mulher. Em seguida, teria morrido segurando a mão dele.

diogo.vargas@diario.com.br

diario.com.br

Veja mais sobre acidente no especial com:

> Vídeo da reportagem no local

> Cobertura da mídia na época (jornais impressos e telejornais)

> Depoimento de um dos sobreviventes

> Mapas animados mostrando como foi o acidente


Multimídia

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